Texto baixado por: Pâmela Cristina
A adolescência é uma fase em que os jovens não se sentem mais crianças e ainda não são adultos. O corpo está passando por intensas transformações. Fisicamente já são capazes de engravidar, mas emocionalmente não estão maduros para serem pais e mães. Isso porque eles ainda não têm claro seus projetos de vida para o futuro, muitos não se sentem responsáveis pelo rumo de sua própria vida e ainda são muito dependentes dos pais. Por outro lado, os adolescentes têm muita curiosidade a respeito de tudo, inclusive de sexo. Estão em contato a todo instante com cenas de sexo na televisão, cinema e nas conversas com amigos. Isso os deixa confusos e com vontade de colocar em prática o que vêem e escutam. Tudo isso leva os adolescentes a iniciarem a atividade sexual cada vez mais cedo. E, por desconhecerem o funcionamento do seu corpo, acabam engravidando.
A GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA tem sido motivo de grande preocupação para a Pastoral da Criança e para toda a sociedade. Isso porque traz sérias conseqüências tanto para o adolescente como para seus pais e para toda a comunidade. Dados do Ministério da Saúde mostram que 1 em cada 10 mulheres brasileiras de até 19 anos já tem 2 filhos. No país, está diminuindo o número de gravidez em mulheres adultas e aumentando entre as adolescentes. Entre 1993 e 1998, aumentaram em 31% os partos em meninas entre 10 e 14 anos e em 19% nas meninas entre 15 e 19 anos atendidas pelo SUS. Nas visitas domiciliares, os líderes da Pastoral da Criança têm encontrado muitas adolescentes grávidas, acompanhando de perto as dificuldades e os riscos que essas jovens mães enfrentam.
QUAIS SÃO OS RISCOS DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA?
Algumas adolescentes escondem a gravidez por medo da reação dos pais, familiares e amigos. Como sabemos, a gravidez é uma fase que requer cuidados e acompanhamento de pré-natal. Se a adolescente decide fazer um aborto, além de estar cometendo um crime do ponto de vista cristão, os riscos para sua saúde são ainda maiores. Além de perder o bebê, a mãe pode perder também a própria vida. O aborto provocado também pode trazer problemas como infecções, hemorragias e até esterilidade. Depois de um aborto, a jovem pode ter dificuldade para engravidar. Tudo isso sem contar o sentimento de culpa que poderá carregar por toda a vida. Muitas vezes, a união com o pai da criança parece ser a solução ideal. Assim, alguns jovens acabam se casando e assumindo uma série de obrigações e responsabilidades que o jovem casal não estava preparado para assumir. Assim, há mais possibilidades de acontecer uma separação. Quando a jovem adolescente é abandonada pelo parceiro e este não reconhece a paternidade, resta aos pais dela assumir a criação e educação dessa criança. Nesses casos a jovem deixa de se sentir responsável pelos cuidados com o bebê, correndo o risco de engravidar de novo, do mesmo ou de outro parceiro. A gravidez indesejada na adolescência é vivida pela jovem como um período de muitas perdas. Ela deixa de viver sua juventude, interrompendo seus estudos, abandonando o sonho da formação profissional e seus projetos de vida. Por causa dessa nova responsabilidade, pode afastar-se dos amigos, perder a confiança e o apoio da família, que muitas vezes expulsa e abandona a jovem à sua própria sorte. Quando a jovem se sente abandonada pela família e comunidade pode até cair na prostituição.
Por tudo isso, podemos ver que a adolescência não é o melhor momento para a maternidade
COMO AJUDAR A FAMÍLIA E A ADOLESCENTE QUE ESTÁ GRÁVIDA?
Além de encaminhar a gestante adolescente para o pré-natal e acompanhar mês a mês essa jovem, o líder da Pastoral da Criança deve aproveitar as visitas domiciliares para orientar a família sobre a importância do apoio e compreensão, para que a adolescente viva esse momento com responsabilidade e amor.
COMO OS PAIS PODEM AJUDAR A PREVENIR A GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA?
Se desde cedo os pais conversarem com a criança, respondendo o que ela pergunta e respeitando a curiosidade sem violência e sem críticas, estarão criando um canal aberto de comunicação. Isso vai facilitar as conversas dos pais com os filhos adolescentes, fazendo com que os jovens se sintam mais seguros, amados e respeitados. Quanto mais o adolescente gostar de si mesmo e se cuidar, menor é o risco de uma gravidez nessa fase.
Através do diálogo e do relacionamento amigo com seus filhos, os pais vão orientando os adolescentes sobre a importância de iniciar o relacionamento sexual quando estiverem mais preparados para assumir uma relação madura e responsável. Quando o adolescente se sente feliz e confiante na família, pode adiar o início da atividade sexual. Para que isso ocorra, é preciso que seus pais criem, desde cedo, um ambiente de respeito e amor. Assim, o adolescente vai desenvolvendo uma boa imagem de si mesmo e do mundo. Isso vai ajudá-lo a cuidar melhor de si e a se preservar, para que possa concretizar seus projetos de vida com respeito e responsabilidade. Um filho não pode ser fruto de uma atitude impensada. Precisa ser planejado, ser fruto de um projeto de vida. Quando os pais têm um bom relacionamento e engravidam porque desejaram, o bebê tem mais chances de se desenvolver saudável e feliz.
Mônica Flügel Hill e Marilda Liliane Urso
Psicólogas e Assistentes Técnicas da Pastoral da Criança
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